Lembro muito bem… Otávio era ainda um garoto quando bateu à minha porta. O jovem negro criado numa das comunidades mais violentas e pobres do Rio de Janeiro, dominada por traficantes, poderia ter seguido o caminho de tantos colegas de sua geração que se envolveram com drogas. Mas não! Livros, encontrados no meio do lixo, mudaram seu destino e lhe deram a régua e o compasso para seguir novas trilhas. Tinha um sonho: construir uma biblioteca comunitária. Graças ao seu esforço e dedicação, esse desejo se tornou realidade. Daí em diante, passou a ser conhecido como o Livreiro do Alemão, título do livro que lhe abriu portas para o mundo. Ganhou prêmios nacionais e internacionais, viajou e continua viajando por todo o Brasil e pelo exterior, dando palestras sobre a sua experiência de incentivador à leitura.
Porém, acalentava outro sonho: escrever histórias para crianças e jovens. Tive o prazer de ler seus originais. E agora tenho a honra de fazer a apresentação de seu primeiro livro infantil. Ninguém melhor do que Otávio, que viveu e ainda vive numa comunidade por muito tempo abandonada pelo poder público, para relatar o cotidiano de um menino como ele. Um sonhador, encantado e transformado pela magia das palavras.
O garoto da camisa vermelha – que soltava pipas, jogava bola de gude e corria nos campinhos esburacados de futebol – tem um nome: Otávio Jr.
Rogério Andrade Barbosa
Código: 0721 P23 03 02 000 000 • Gutenberg • Total de páginas: 24
Otávio Júnior
Nasci e moro na zona Norte do Rio de Janeiro. Adoro o ambiente comunitário e decidi escrever sobre a infância nas zonas populares. Escrevo desde 2007, quando iniciei minhas pesquisas de promoção de leitura no projeto Ler é 10 – Leia Favela. Costumo dizer que esse projeto serve como um laboratório de experimentação. Adoro ler e criar brincadeiras para ler.
Angelo Abu
Angelo Abu – Nasci em Belo Horizonte e moro na minha mochila, cada hora em um lugar. No momento, em Sarajevo, capital da Bósnia e Herzegovina. Cidade que, como o Morro do Alemão, traz suas marcas de guerra nos buracos das paredes. Guerra de um passado que, com muito custo, conseguiram deixar para trás.
Comecei a ilustrar em 1995, tendo publicado pela Autêntica, até agora, Menino Parafuso, Tem livro que tem, Roubo na Rua das Paineiras, A voz de Sofia, Garoto da camisa vermelha, Chefão lá do morro, A casa que assoviava e E a princesa não queria casar!